domingo, 15 de agosto de 2010

IDIOSSINCRASIAS ULTRACREPIDÁRIAS





Se não tenho certeza de que o que penso seja verdade, devo deixar de opinar?

Mas a opinião não se emancipou da verdade?

A verdade é propriedade da tradição?

Nossos pais, avós, especialistas, autoridades, detêm exclusividade sobre ela?

Einstein, aos vinte e quatro anos, revolucionou, na sua época, a teoria física. Efetuou uma ruptura com a tradição. E a verdade precisou então olhar para frente, e dar um grande giro sobre suas bases anteriores de sustentação.

Hoje, o filósofo alemão Habermas diz que devemos efetuar um “giro lingüístico”. Quer dizer, mais comunicação, entendimento verbal com os outros, sem a muleta da autoridade e da violência. Claro, com a luz da lanterna apontando para o horizonte da clareza e coerência dos argumentos.

Habermas propõe um "agir comunicativo" que não seja refém dos personalismos, egoísmos, idiossincrasias.


Se a verdade depender dos especialistas, até que ponto não estaremos fritos (até no sentido do aquecimento global, por exemplo...)?

É que os especialistas têm um conhecimento profundo, mas estreito. Ao se especializarem, abriram mão de uma visão da totalidade, desejando a profundidade.

O problema é que as questões que envolvem nosso papel e lugar nesse tempo e espaço não dependem dos especialistas, mas da discussão pública em busca de soluções para os problemas que não são individuais, e sim globais.

Obviamente, a comunicação virtual tem andado apressada, com suas diversas faces, côncavas e convexas. Mesmo rasteira e simultânea, não vacila em abordar temas polêmicos e/ou complexos, que inflamam nossas paixões.

Muitas abordagens parecem mais “abortagens”, discursos prematuros, meio pré-refletidos.

É que a comunicação virtual mexe, provoca, nossos impulsos de parecer/aparecer, isto é, queremos ser notados – e o quanto antes melhor.

Há um descompasso: o tempo virtual é instantâneo, embora acionado pelo tempo subjetivo (nossa consciência). Mas esta precisa, necessariamente, de tempo para pensar.

Para ela decidir, a consciência, é fundamental que pare para pensar– como diziam nossos pais: conte até dez, para não agir levado pelo impulso.

Assim... vamos abrir o olho para não sermos escravos da tradição, dos especialistas e das idiossincrasias ultracrepidárias!

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...