domingo, 21 de março de 2010
O CRUCIFIXO - poema de Manuel Bandeira
É um crucifixo de marfim
ligeiramente amarelado,
pátina do tempo escoado.
Sempre o vi patinado assim.
Mãe, irmã, pais meus estreitando
tiveram-no ao chegar ao fim.
Hoje, em meu quarto colocado,
ei-lo velando sobre mim.
E quando se cumprir aquele
instante, que tardando vai,
de eu deixar esta vida, quero
morrer agarrado com ele.
Talvez me salve. Como - espero -
minha mãe, minha irmã, meu pai.
do livro Estrela da tarde. (1967)
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